domingo, 12 de junho de 2011

Colóquio Terra de Santa Maria 17-18 Junho 2011


RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS


“Revista Villa da Feira – 10 anos de promoção da Cultura Portuguesa”
(Roberto Carlos)

Resumo: A Liga dos Amigos da Feira foi constituída por escritura pública de 09 de Março de 1983 - há 28 anos – todavia a sua actividade remonta ao ano de 1972, quando mandou cunhar uma medalha de "Homenagem ao Concelho da Feira", sendo autor da escultura José Aurélio.
A partir desse ano, exerceu uma enormíssima actividade de divulgação dos motivos feirenses a par de manifestações culturais.
Todavia neste artigo/ comunicação iremos abordar o papel da LAF na promoção da cultura santamariana, especialmente através da extraordinária publicação que é a revista Villa da Feira - TERRA DE SANTA MARIA, que em 1 de Junho de 2002 editou o seu n.º l, e cuja Apresentação pública decorreu, no «Restaurante do Villa», Espaço da Feira Medieval, em 13 de Junho de 2002. Tem uma periodicidade quadrimestral, e já vai no n°. 27.
Neste sentido abordaremos a importância da Revista Villa da Feira - Terra de Santa Maria no contexto das revistas de interesse cultural e que claramente constituem instrumentos privilegiados de divulgação da produção crítica, facilitando o acesso à investigação mais recente e permitindo uma ampla difusão junto de públicos diferenciados.
A publicação de revistas de reconhecido interesse literário, artístico e cultural, torna acessível a um público alargado um conjunto de saberes e de informação essencial ao desenvolvimento do exercício da cidadania e de uma sociedade mais informada e crítica, uma vez que a Revista Villa da Feira – Terra de Santa Maria apresenta ao longo dos seus 27 números artigos de reputados autores e nesse sentido consideramos que é de relevante importância para a cultura do Concelho, da Região e do País.
Paralelamente e ainda no campo editorial não devermos de esquecer os cerca de 30 títulos que a Liga dos Amigos da Feira pública, na Colecção Santamariana, que enriquecem claramente a bibliografia temática portuguesa.


“Intervenção arqueológica na igreja de São Tiago de Rio Meão (Santa Maria da Feira): resultados e perspectivas”
(Luís Sousa; Marta Borges)

Resumo: Entre Novembro de 2009 e Junho de 2010 foi implementado na igreja de São Tiago de Rio Meão um amplo projecto que visou o restauro/requalificação do monumento sob uma perspectiva multidisciplinar, onde foram chamados a participar arquitectos, técnicos de conservação e restauro, um historiador, um arqueólogo e uma antropóloga.
Esta parceria teve como objectivo integrar diferentes perspectivas de cada uma das realidades a intervencionar, deste a arquitectura, à escavação arqueológica, bem como da própria talha e imaginária, restituindo-se, deste modo, algumas feições arquitectónicas consideradas adulteradas, especialmente as que foram causadas por intervenções levadas a cabo ao longo do séc. XX, restaurar talha e imaginária e minimizar impactos negativos no subsolo através de acompanhamento e sondagens arqueológicas nas zonas onde haveria lugar a revolvimentos do subsolo.
Os trabalhos de acompanhamento e as pesquisas arqueológicas de carácter intrusivo ali realizadas permitiram desenvolver estudos do ponto de vista arquitectónico e arqueológico que demonstram que a igreja sofreu diversas alterações à planta original, bem como teve alterações significativas ao nível da rentabilização do espaço interior. A nossa comunicação visa expor os dados colhidos da leitura dos paramentos das paredes e das sondagens arqueológicas desencadeadas na capela-mor e no topo Leste da nave, dando-se de igual maneira destaque às informações resultantes do estudo dos sepulcros e respectivo espólio osteológico exumado.


“Castelo de Crestuma: o seu complexo arqueológico e resultados da
primeira campanha de escavações”
(J. A. Gonçalves Guimarães; António Manuel S. P. Silva;
Laura Sousa; Filipe M. Soares Pinto)

Resumo: A elevação conhecida como Castelo de Crestuma fica localizada na freguesia deste nome, concelho de Vila Nova de Gaia, voltada ao Rio Douro, um pouco a jusante do local onde o Rio Uíma com ele conflui. Trata-se de um esporão rochoso em xisto que a toponímia sugere ter sido o local de implantação de uma ancestral fortificação. No entanto, para além das evidências arqueológicas aí presentes como são os numerosos entalhes, de diferentes secções, e que documentam um emaranhado de acções humanas ao longo do tempo, em torno desta elevação encontra-se registado o aparecimento de outras evidências arqueológicas, levando-nos a considerar o Castelo de Crestuma não um sítio isolado mas um amplo complexo arqueológico muito importante para a compreensão da evolução do povoamento nesta margem do Douro.
Em 2010, foi levada a cabo a primeira campanha de escavações neste local e, agora, os primeiros resultados, ainda preliminares, são trazidos a público.


“Educação, História local e Cidadania”
(Francisco Ribeiro da Silva)

Resumo: Nesta comunicação colocaremos em correlação o trinómio educação, história local e cidadania. O conhecimento e a divulgação da história local, além de constituir, em si, um exercício de cidadania, é factor de esclarecimento do que deve ser a extensão do conceito e do exercício da cidadania. Se essa função da história local, em termos gerais, não parece difícil de aceitar, no contexto da Educação e da Escola adquire renovado peso. De facto, para além de ministrar a instrução, a Escola deve contribuir para a boa integração do indivíduo na sociedade, através da inculcação de referências culturais e de valores que hão-de levá-lo à descoberta do sentido da sua vida como ser humano individual e único mas também como elemento integrante da mesma sociedade em que o aperfeiçoamento e o contributo individuais são essenciais para o sucesso do grupo. Nesse aspecto, mais uma vez, ao nível da Escola, o conhecimento da História local pode e deve ajudar à percepção das linhas de força que presidiram à construção das estruturas da comunidade e ajudarão à descoberta dos melhores caminhos do futuro.


“Sanguedo e as suas origens”
(David Simões Rodrigues)

Resumo: Vários nomes por que é conhecida: São Guedo – Terreiro – Santa Eulália do Terreiro
Como acontece em muitas terras mais ou menos importantes de Portugal, também aqui a lenda se mistura com a história. Guerra sangrenta assolou a terra donde, além da mortandade, resultou o derrame de muito sangue. E de boca em boca se dizia lastimando que fora um “sanguedo”. E “sanguedo” ficou, reza a lenda.
Mas o histórico certo está na fitonímia, no sanguinho bravo abundante nas margens do rio que daí tirou o nome “Sanguedo,” outro nome que aqui deram os nativos ao UÍMA.
Assim já se lhe refere Plínio, historiador romano, do séc. I, d. C.
Sanguedo, freguesia do concelho da Feira, é povoação antiquíssima. Historicamente comprovado o seu povoamento, pelo menos romano, de que são testemunho vestígios arqueológicos representados por fragmentos de esculturas e tégulas romanas e ainda da alguma da toponímia: Meogo, Mualdo. Logo do princípio entrou no convento beneditino de Pedroso.


“A Feira e os Poetas”
(Anthero Monteiro)

Resumo: Não parece que tenha sido feito, nem sequer esboçado, o levantamento dos nomes mais relevantes que se dedicaram ao culto da Poesia no vasto território que se estende à sombra tutelar do Castelo de Santa Maria da Feira.
Este trabalho constitui, assim, uma primeira incursão nesse âmbito, com o objetivo de elencar os nomes e as obras mais significativas dos principais poetas que nasceram ou viveram no concelho de Santa Maria da Feira e daqueles que por ali passaram, deixando, de alguma forma, alguma(s) marca(s) dessa relação.


“Aquilino Ribeiro e o século XX português”
(Manuel Lima Bastos)

Resumo: "Aquilino Ribeiro e o século XX português: breve resenha biográfica do escritor; o pensamento político e a intervenção do artista na época do regicídio e no período que precedeu a queda da Monarquia; a 1ª República e os longos anos da ditadura de Salazar; a relevância e a originalidade da sua obra que constitui o mais importante monumento literário em prosa de todo o século XX português; a candidatura ao Prémio Nobel em 1960 e o movimento de apoio que recebeu dos intelectuais portugueses e brasileiros; o magistério moral que exerceu nos escritores portugueses desde 1918 até ao seu falecimento em 1963."


“Minha Pátria é a Língua Portuguesa – entre Vieira e Pessoa”
(Maria do Carmo Vieira)

Resumo: No livro bíblico do Génesis, são dois os verbos que sobressaem na criação divina do mundo: dizer e chamar. De palavras é também constituída a linguagem humana e, ainda no Génesis, cabe ao homem, por vontade de Deus, dar um nome a «toda a alma vivente». A palavra falada como tesouro, guardando em si uma força criadora e a compreensão do que é nomeado.
«Relíquia», porque não lesada pelo tempo, é como Thoreau define a palavra escrita. E aqueles que a lerem, desvendá-la-ão, compreendendo o seu sentido e a sua força expressiva.
Pelo dom criativo, que caracteriza o artista, soube o Padre António Vieira interessar e emocionar Fernando Pessoa, pela voz de Bernardo Soares, ao descrever engenhosa e majestosamente o palácio do Rei Salomão. Uma influência benéfica que perdurou no «ajudante de guarda-livros, na cidade de Lisboa», e que se repercutiu na sua frase «Minha Pátria é a Língua Portuguesa». Território interior através do qual se movimentou, na procura exigente de dizer com rigor o que queria, confrontando-se com o indizível e dominando a palavra que «só é completa vista e ouvida».






“Casa Museu Egas Moniz – Espaço de Memória”
(Rosa Maria Rodrigues)

Resumo: Casa - Museu Egas Moniz - Única Casa - Museu de um Prémio Nobel Português, intimamente relacionada com a figura de Egas Moniz que, em 27 de Outubro de 1949, recebeu aquele galardão na área da Medicina.
Nesta Casa Museu, reconstruída segundo um projecto ao arquitecto Ernesto Korrodi em 1915, podem observar-se obras de D. Carlos de Bragança, Silva Porto, Malhoa, Carlos Reis, Henrique Medina, Falcão Trigoso, Júlio Pomar, Abel Salazar entre muitos outros, bem como colecções de mobiliário, cerâmica, ourivesaria, vidro, têxteis, gravura, escultura e a sua notável biblioteca pessoal.
Em suma, neste espaço de memória é possível vivenciar o percurso de vida do Génio criador deste ambiente bem como percepcionar tudo aquilo que mais amou, mais estimou e mais o prendeu à vida.


“Lugares de memória e (re)construções de identidades.
Dos Unhas Negras ao Museu da Chapelaria”
(Suzana Menezes)

Resumo: Com este artigo pretende-se analisar o processo de criação do Museu da Chapelaria enquanto instituição que nasce pela vontade dos legítimos proprietários do património que lhe está inerente analisando-se a importância estratégica do museu enquanto agente de desenvolvimento social e local. Se, por um lado, é estrategicamente assumido que a criação do museu iria permitir o estudo, valorização e divulgação do património industrial que alicerça parte da história do concelho, por outro, é também entendido que a salvaguarda deste património poderia constituir um excelente laboratório de desenvolvimento local, nomeadamente, do ponto de vista turístico e cultural, referindo-se especificamente duas Rotas Turísticas, a do chapéu e a da indústria.


“Novas tecnologias e turismo na Terra de Santa Maria”
(Núria Quintino)

Resumo: Nos últimos anos verifica-se uma procura crescente de informação sobre turismo na Web que se traduz num aumento de venda de produtos turísticos pelos canais on-line. Compreender o impacto que esta produção de informação tem na modelação dos territórios turísticos é importante para se perceber a sua influência nas decisões dos turistas. Este artigo pretende analisar qual a informação disponível na Web sobre as “Terras de Santa Maria” e perceber qual a imagem que está disponível ao turista que a consulta.


“As recriações históricas em Portugal como potencial turístico –
O caso das Terras de Santa Maria”
(Roberto Carlos)

Resumo: A recriação histórica é uma actividade em grande expansão nos últimos anos em Portugal, pelo que se justifica o debate sobre este fenómeno - quer para melhor conhecimento intrínseco, quer para divulgação dos instrumentos a si associados.
Num tempo em que a administração local portuguesa se apresenta cada vez mais sensibilizada, quer para a divulgação do seu património turístico-cultural, quer para aquilo que a memória colectiva da região, consciente ou inconscientemente, pretende ver assinalada, urge colocar algumas questões.
Quando uma entidade pública promove um evento com fundamento e contexto histórico, para além de procurar, com toda a legitimidade, arrastar multidões, passar testemunhos de vitalidade e de intervenção atenta, poderá satisfazer-se com o que podemos designar tão só como “festa animada”?
Não será por demais redutor (nas ditas circunstâncias) o contentamento proveniente de um convívio alegre e colorido, qual intervalo da vida, de fácil estímulo, com “comes e bebes”  à mistura com sons e cheiros, ao que se junta, não raras vezes, um corredor de bancas de “artes e ofícios de época” - tudo ao serviço de um imaginário, quantas vezes menos rico, logo passível de transportar qualquer para tempos pretéritos?
Pretende-se então com este trabalho, através do estudo comparativo de várias recriações históricas da Idade Média que se realizam em Portugal, compreender os impactos que as mesmas têm: se criam empregos sazonais, ou definitivos, se geram riqueza, se implicam mobilidades demográficas, se têm um impacto económico, decisivo para o desenvolvimento de determinada comunidade, particularmente a de Santa Maria da Feira.
Aferir da possibilidade de fomentar e fortalecer a criação de clusters inter-regionais que reforcem a sua competitividade a nível nacional uma vez que o desenvolvimento do turismo está intimamente relacionado com a elaboração de estratégias – para alcance de resultados e aumento de produtividade, para resolução de problemas e desafios impostos pela globalização, em especial através de alianças estratégicas
Como consequência deste estudo, para além das sugestões de melhoria em termos organizativos, pretendemos também, propor a constituição de um espaço temático permanente destinado à recriação histórica de várias épocas históricas.
Para isso pretendemos apresentar neste Colóquio um breve estudo sobre a evolução das recriações históricas em Portugal e no mundo, o resultado dos Inquéritos apresentados em 2009 e 2010, o balanço de algumas visitas realizadas a outros locais onde decorrem por sistema este tipo de recriações, e a proposta da criação de um Parque temático.
O estudo que está a ser desenvolvido permitirá a obtenção de um instrumento de grande utilidade para os Municípios, no sentido projectar os diferentes eventos de recreação que têm vindo a desenvolver ao longo dos anos.
Este trabalho é uma reflexão sobre as relações e dinâmicas que podem ser estabelecidas entre o Turismo, o Património Cultural, História, o Planeamento e a Preservação. Destacaremos assim as recriações históricas, a requalificação urbana e a possibilidade de um parque temático tendo em vista uma melhor utilização dos patrimónios de Santa Maria da Feira, uma vez que o Turismo é uma das actividades que ajuda à obtenção de resultados relevantes no que concerne à preservação da memória e identidade, ao apresentar aos turistas e/ou visitantes a essência e os significados do património local, para além de continuar a ser o principal sector de actividade e motor da economia nacional.
Graças aos seus diferentes Patrimónios, que a imagem do destino Santa Maria da Feira esteve sempre associada ao factor Natureza, História; Gastronomia e Património, tornando-se em recursos turísticos mais autênticos e vendáveis.


“Observação Arquitectónica de Sta Mª da Feira – argumentos para um futuro Ideal e Real”
(Joana Martins Pinheiro)

Resumo: Tendo como objectivo/ ideal o aparecimento de zonas da cidade verdadeiramente dinâmicas, e assumindo a realidade e quiçá conveniência de outras zonas “inactivas”, analisaremos, no território delimitado da cidade da Feira, as seguintes vertentes:
 As condicionantes do clima;
 As consequências da cultura local e global;
 O meio urbano e o suporte ambiental;
Para em seguida, e utilizando exemplos arquitectónicos e urbanísticos esclarecedores, mostrar soluções espaciais concretas.



“Arquitectura em Terra: alguns exemplos da freguesia de Beduído – estudo preliminar”
(Susana Temudo; Diana Cunha)

Resumo: O património histórico edificado pode e deve ser visto como um artefacto, na medida em que corresponde a uma construção humana feita e/ou transformada pelo Homem. Tal como define Leroi-Gourhan (1985), o artefacto percebe-se como o produto que é inscrito dentro dos seus usos e das suas utilizações, ou seja, um meio para atender as necessidades que são determinadas pela pessoa que o utiliza, não importando a sua função primeira. Deste modo, a arquitectura em terra surge como uma dessas evidências. Conhecida e utilizada desde a origem do homem e da sua consciência enquanto construtor, ela têm vindo, nas últimas décadas, a deixar de ser utilizada no nosso território, entrosando a perda do saber que a acompanha.
Em meados do séc. XX, arquitectos e antropólogos assinalaram esta técnica construtiva, contudo, as vicissitudes do desenvolvimento e as suas consequências têm vindo a desencadear o seu desaparecimento e destruição, o que suscitará uma lacuna na sua compreensão e estudo, sendo por isso a sua documentação e registo importante.
A prática da construção em terra em Portugal foi comum até relativamente pouco tempo, localizando-se sobretudo no sul do país e nas zonas litorais onde a pedra escasseava, pelo que as reminiscências destas construções na freguesia de Beduído, concelho de Estarreja, se assumem como um dos exemplares ainda preservados nesta parte do país, apesar do seu estado de conservação debilitado, em muito provocado pelo abandono que se verifica. Pelo que, alertar, sensibilizar, conservar, preservar e salvaguardar os exemplares que restam, deve ser uma medida a adoptar de modo em que percebendo o passado podemos e conseguimos melhorar o futuro.

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